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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Galinha da vizinha 11/03/07

XLIV - Galinha da vizinha


Há qualquer coisa de repulsivo nas conversas de café. Mas nas dos outros, as nossas são sempre perfeitas, dialogantes, interessantes, até filosóficas. O jogo de futebol e o jogador que tem potencial, a vizinha que saiu com o Mário e só voltou lá prás 4, a saúde dos outros, o Tempo de ontem, o carro e os cavalos do mesmo, etc, etc. O que é um facto e quando estamos sentados sozinhos, prestamos atenção a todas, não porque nos faça falta, talvez por nos ocuparmos, ou simplesmente as ondas sonoras chegam até nós. Temos este hábito macabro de dizer mal do outro, dos outros, dum grupo, de alguém, não interessa quem. Dá-nos gozo, será questão de ego? Ou porque não temos vida própria? Haverá de facto algo nessas conversas que não haja nas nossas? Acho que não. No fundo são todas iguais, o problema é que nos chegam de desconhecidos, e a chacota torna-se fácil, o alvo legítimo. No entanto ponho-me a pensar, será que de facto gostamos de criticar as conversas dos outros por prazer? Será que as escutamos por ruindade? Ou será porque conversas todos as temos, e essas sejam mais umas que talvez já tenhamos tido? Não será que as ouvimos e julgamos, não pelo prazer de criticar, mas porque nos inserimos num colectivo, num grande grupo onde os temas e assuntos a puxar não podem variar muito? Na volta isso faz parte de nós, escutar os outros é saber do resto da humanidade. É inserirmo-nos, integrarmo-nos, é querermos fazer parte. Pois como dizia Sitting Bull: "Por fim talvez sejamos Irmãos"

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