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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A menina 15/02/07

XXVII - A menina
Era uma vez um menino que vivia triste numa pequena aldeia
aldeia essa que estava deserta
ia sendo abandonada aos poucos
todos procuravam novas paragens
pois nada de novo havia ali.
o sino da igreja quebrou-se,a charrua partiu-se , o poço secava
e as arvores de fruto apodreciam
nada parecia ali crescer o desenvolver-se.
o menino inconformado, resistia
lutava contra a desertificação
pretendia que a aldeia voltasse a brilhar como nos tempos áureos
onde os melros cantavam
onde o burro forte zurrava e teimava contra a carga
e os pastos eram verdes
mas a agrura do inverno
e a secura do verão
eram implacáveis
tudo consumiam
até mesmo o sol parecia diminuir de intensidade
o menino envelhecia só, já sem esperança
agora com o peso da responsabilidade de
ser o homem dos 7 ofícios
ou melhor dos milhentos ofícios
pois estava incumbido de tudo fazer e a tudo falhar
lutava contra a própria natureza
uma luta perdida
mesmo assim decidiu cavar um novo poço
comprar uma nova charrua
e dali criar não uma aldeia mas uma pequena quinta
onde houvesse algo produtivo
precisou uma vez de ir à cidade comprar ferragens para construção de alfaias agrícolas
pois estava determinado
andou quilómetros a pé
chegando a uma loja onde encontrou uma menina
sentada estava à porta
perguntou-lhe que queria
ao que respondeu
preciso de pregos porcas e parafusos e demais ferragens para criação da minha quinta
a menina admirou-se
pois bem meu caro
lamento informar-te mas já aqui não há ninguém
apenas eu fiquei
pois não se vende nada há anos
e a cidade tal como a loja são fantasmas
o menino insistiu
mas pq não me podes vender tu isso??
pq n é esse o meu oficio
apenas aqui estou pra contar como foi
não me compete a mim
mas estará fechada?!
não...entra e serve-te à vontade
e como não há preços estipulados são gratuitos
o menino incrédulo entrou e serviu-se
havia de tudo e mais alguma coisa embora o tempo criasse
ferrugem
pegou num carrinho de mão e encheu-o do bom e do melhor
ao sair a menina perguntou-lhe
e tu?
pq ficas? pq não partes também?
não sei...talvez pq seja este o meu mundo
o que conheço e o queira reconstruir
-mas que há ali de novo?
-nada...eu recrio o espaço
- mas viverás para q?
- para a reconstrução apenas
é melhor do que ficar apenas a olhar o espaço a definhar
-mas nessa tua quinta que haverá?
tudo o que criar
haverá fruta
animais
pastos
campos sem fim
agua a transbordar
um burro a zurrar
uma charrua a chiar
uma vida. a minha
mas...pergunta a menina...se ninguém a vê pq a constrois? não
terá sentido
par mim mesmo
mas se tens tanta curiosidade vem vê-la e ajudar-me -ás a
divulgá-la
e assim não contarás a história de uma cidade fantasma mas
sim da criação de uma linda quinta ajardinada
assim já terá sentido
pois tu a verás
e o meu trabalho será recompensado com a tua história!
a menina pôs-se a pensar...saltou do banco que rangia
e disse pois bem...nada me prende aqui
partamos.
The end

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