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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Ensaio sobre um Homem 14/02/07

XXVI - Ensaio sobre um Homem( Edição revista e aumentada)
Há alturas que do verde devemos mudar para o azul, há tempos que o Sol faz melhor que a chuva. Até devemos por vezes tomar banho de água fria. Ditames populares, chavões, clichés. Cheios de conselhos, julgamentos ou regras de vivência na sociedade. De bem-estar, de como estar. Etiquetas. Coleiras. Trelas.Assim é a vida. Ocasiões há em que tudo é posto em causa não só a nossa própria existência como todos os conceitos. Todos gostamos de catalogar, De nos inserir num grupo. Neo-tribalismos. Ser diferente no fundo, mas diferente a quem? Adaptarmo-nos será melhor. Tal como na alimentação, onde somos omnívoros. Alguns! Outros são diferentes... A mudança é aconselhável a tudo.Temos a nossa visão do mundo. E é a melhor pois é a nossa, e somos únicos. Sem a nossa presença decerto seria diferente. Desde a Grécia Helenística, na tão aclamada e afamada democracia em que toda a gente era livre, que havia assimetrias. Nem cidadãos estrangeiros nem mulheres eram detentores dessa mesma democracia. A liberdade é para elites. Hoje em dia quem tem poder económico, politico ou militar é livre. O cidadão comum encontra-se aprisionado nos seus conceitos, leis e morais. Quando estamos cá, há mais de um terço de século, já há tanto que vimos e passámos. É pouco tempo para alguns, demasiado para outros. Relativismos. Tanto há feito e quase tudo por fazer. Vemos chegar a nudeza triste do Inverno, esfriando também o corpo e a mente. O Mundo desnudado e crú, aborrecido e monocórdico. As pessoas passam ligeiras, de olhar alienado. O comboio apita. O eléctrico não pára. O semáforo fecha. O automóvel transgride. O Sem-abrigo demonstra a ostracização a que somos votados. A solidão do quotidiano. A sectarização no meio de semelhantes. Pede sem nada receber. Nem há sequer quem o veja. Não há tempo. O objectivo é prosseguir para casa e viver nos tais conceitos, leis e morais, aceites sem objecção. Com tantos problemas que os perturbam, não podem parar. Têm de correr, empurrar, pisar, insultar. Mesmo a mão estendida. E assim se passa mais um dia. E vão-se esquecendo de lembrar disto tudo. E nós ondes estamos no meio disto? Somos apenas uma lembrança, Um espectro. Somos uma formiga esmagada por negligência. Um grão de areia ao vento.Não fazemos sequer parte de um todo. Pois é cada um por si. E a Humanidade não passa de um conceito abstracto. E o Homem, duma concepção imaginária ou imaginada. Por alguém como nós...Que se deu ao trabalho de parar para ver. E pensou sem idealizar nem catalogar. Viu para além das sombras na Caverna.

" Vivemos no melhor dos Mundos" - Voltaire

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