XXXIII - Dejá vu sensorial
Tenho um modo de ser particular. Acabo por colidir com as pessoas por não querer o conflito, por evitá-lo. Acho que não é comodismo, quem sabe se é um escapismo. Às vezes quero provar às pessoas que sou capaz de fazer as coisas por mim, embora vá sempre pelo lado mais complicado. Talvez por querer ser diferente, ou não gostar de ser igual...Gosto de me sentir útil, preenche-me. Apenas quando é necessária a minha presença, não por auto-realização. Talvez por uma palmadinha nas costas de apreço. Sabe bem. Acho que me contento com pouco. Uma viagem daqui até as dunas desertas da costa alentejana no verão, acampar sozinho uns dias e sinto-me bem. Mesmo sem dinheiro. Algum. Uns tostões para tabaco, uma fruta, um pacote de leite, um livro e a felicidade encontra-se ao sol na areia. Não invejo quem vive à grande, não pretendo um casarão com piscina, nem o Jipe topo de gama. Quer dizer, sonho com isso é um facto, mas depois o dia-a-dia mostra-nos como se pode viver bem e ser feliz com tão pouco. Exige-se demais hoje. No emprego o colega do lado se nos vê fazer 10 quer fazer quinze. Numa escadas públicas ao subi-las, queremos fazê-lo mais rápido que o sujeito ao lado. Na Auto-Estrada, se somos ultrapassados pisamos no acelerador. Se comentamos sobre o facto de fazermos isto ou aquilo, somos sempre quem o faz mais. O nosso telemóvel é sempre o melhor, se não fôr, estamos prestes a comprar um melhor com certeza! O hábito de comparar. De aumentar, de sobrepôr, de empolar, de subestimar. Sim, padeço destes males, são exigências da vida em sociedade. Se porventura evitamos tais acontecimentos, somos fenómenos sociológicos bizarros. Sim, dou-me mal com isso. Lamento. Contento-me com coisa pouca, sonho com muitas ao invés. Imagino, crio, invento também. Para quê? Não sei, escapismos. Sou diferente, mas a quem? Acabo por aqui cair num esterótipo, ao classificar-me. Sou igual então. Mas a quê?! Sou único, mas vulgar. Especial, mas particular. Um indivíduo no geral, uma engrenagem no colectivo. A sociedade já não é simbiótica, não vivemos como a formiga especializada. Somos o que queremos? Ou queremos parecer ou que não somos? Deixámos de ser binários, não nos chega. É preciso sempre mais. Temos mais necessidades que precisamos. Somos dependentes de tudo, não vivemos sem nada. O valor de um sorriso é insignificante, a preciosidade duma alegria partilhada é menosprezada, a entrega dum prazer a alguém é desdenhada. Não sei viver então. E tanto já foi dito e escrito acerca deste mesmo assunto ao longo dos tempos... Quando se é altruísta acaba-se por ser egoísta. Não há volta a dar. Resta a certeza de saber que o Sol nasce novamente amanhã. E aquando da morte dizer que vivi.
Tenho um modo de ser particular. Acabo por colidir com as pessoas por não querer o conflito, por evitá-lo. Acho que não é comodismo, quem sabe se é um escapismo. Às vezes quero provar às pessoas que sou capaz de fazer as coisas por mim, embora vá sempre pelo lado mais complicado. Talvez por querer ser diferente, ou não gostar de ser igual...Gosto de me sentir útil, preenche-me. Apenas quando é necessária a minha presença, não por auto-realização. Talvez por uma palmadinha nas costas de apreço. Sabe bem. Acho que me contento com pouco. Uma viagem daqui até as dunas desertas da costa alentejana no verão, acampar sozinho uns dias e sinto-me bem. Mesmo sem dinheiro. Algum. Uns tostões para tabaco, uma fruta, um pacote de leite, um livro e a felicidade encontra-se ao sol na areia. Não invejo quem vive à grande, não pretendo um casarão com piscina, nem o Jipe topo de gama. Quer dizer, sonho com isso é um facto, mas depois o dia-a-dia mostra-nos como se pode viver bem e ser feliz com tão pouco. Exige-se demais hoje. No emprego o colega do lado se nos vê fazer 10 quer fazer quinze. Numa escadas públicas ao subi-las, queremos fazê-lo mais rápido que o sujeito ao lado. Na Auto-Estrada, se somos ultrapassados pisamos no acelerador. Se comentamos sobre o facto de fazermos isto ou aquilo, somos sempre quem o faz mais. O nosso telemóvel é sempre o melhor, se não fôr, estamos prestes a comprar um melhor com certeza! O hábito de comparar. De aumentar, de sobrepôr, de empolar, de subestimar. Sim, padeço destes males, são exigências da vida em sociedade. Se porventura evitamos tais acontecimentos, somos fenómenos sociológicos bizarros. Sim, dou-me mal com isso. Lamento. Contento-me com coisa pouca, sonho com muitas ao invés. Imagino, crio, invento também. Para quê? Não sei, escapismos. Sou diferente, mas a quem? Acabo por aqui cair num esterótipo, ao classificar-me. Sou igual então. Mas a quê?! Sou único, mas vulgar. Especial, mas particular. Um indivíduo no geral, uma engrenagem no colectivo. A sociedade já não é simbiótica, não vivemos como a formiga especializada. Somos o que queremos? Ou queremos parecer ou que não somos? Deixámos de ser binários, não nos chega. É preciso sempre mais. Temos mais necessidades que precisamos. Somos dependentes de tudo, não vivemos sem nada. O valor de um sorriso é insignificante, a preciosidade duma alegria partilhada é menosprezada, a entrega dum prazer a alguém é desdenhada. Não sei viver então. E tanto já foi dito e escrito acerca deste mesmo assunto ao longo dos tempos... Quando se é altruísta acaba-se por ser egoísta. Não há volta a dar. Resta a certeza de saber que o Sol nasce novamente amanhã. E aquando da morte dizer que vivi.
3 comentários:
És único por teres os teus ideais, que não são iguais à maioria das pessoas. E depois? Isso faz de ti uma aberração?? Que seja! O que interessa é que consigas ser feliz com o que desejas. Mais ou menos, isso não interessa. Não olhes para os lados. Segue o teu coração, e aí, sim, serás feliz :)
A desistência pressupõe anuência, o que nunca o permiti na minha existência. Talvez prima pela ausência que não significa que de mim nada omiti. Quem sabe se não depende também de ti?...
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