XXXI - O Sapo e a Centopeia
O sapo estava quedo e mudo no seu nenúfar. Apreciando a quietude do lago, os círculos aéreos das libelinhas, o vôo rasante dos demais insectos, quando se apercebe do caminhar célere duma centopeia, com as suas miriades de patas. Andar bizarro tinha, mesmo com aquela quantidade de patas andava certinha, não punha os pés em falso, nem se trocava, e sempre direitinha. Admirado, viu-a passar para lá na beira do lago. Voltou a vê-la para cá e sempre num passo certo e constante. Passou novamente para cá do mesmo modo. O sapo, não resistindo à curiosidade perguntou-lhe:
S- Ó centopeia!? como consegues caminhar assim? Com tantas patitas, sem colocar nenhuma em falso, sempre direitinha, nunca tropeçando e nem te confundindo?
A centopeia parou, estática. Pensou e disse :
C - Não sei!...
Quando está para retomar o passo, fica imóvel, tropeça, confunde-se, baralha-se e cai....
(Conto baseado numa história de Jose Florido)
in "Conversas inacabadas com Alberto Caeiro"
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
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1 comentário:
Às vezes não compensa pensar, porque pensando complicamos a vida. Mas, das outras vezes, é necessário saber bem o que se quer. Procurar por vezes é essencial. Já tropecei porque pensava muito. Mas foram poucas as vezes em que tal aconteceu. Não sou de pensar, mas sim de agir, ser impulsiva. Mas sinto, que esta é uma das vezes em que tenho de parar... e procurar algo...
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