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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Ida 10/08/2007


CV - Ida

Os carris atrasam-me, arrasto-me pela janela em movimento perpétuo. Rasgo a cidade.As consersas ocupam os lugares com destino, enquanto eu ansejo pelo meu. A partida perdeu-se com a chegada que se alonga, estica-se em paralelo pelo metal e pedras de granito.Corto a Leziria. Estremeço com o chão. Uma paragem, almas que se encontram, outras fundem-se no exterior. Ficam para trás ligando-se às demais.Um rio. Um apito, um recomeço, a seus lugares, Não páro, acelero em movimento rectilineo, pouco uniforme, mas sincopado pela cadência do embalo da carruagem. Espera atroz pelo horário previsto. Desespero pelo tempo e o espaço que me separa. Deslizo suavemente. Ultrapasso as serras. Distraio-me com as vozes, uma baforada de cigarro, um gole de cerveja. Quase, quase lá. Cerro os olhos sem sentir o tempo. Ultrapasso-o. Abro-os e a chegada anunciada. Outro rio! Tudo pára. O comboio, as gentes, as vozes, o movimento, os sons, a paisagem, a estação. Apenas eu avanço, com destino, numa unica direcção com um único sentido, num turbilhão. Desço, percorro, sou guiado. Entro e desfaço-me, desmultiplico-me, esvazio-me, preencho-me. Suspiro. Parti!

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