XXV - Atire a primeira pedra
Desde que me conheço que ponho e disponho das pessoas. Como filho mais novo que sou, sempre fui mimado. Passava por uma loja de brinquedos e tudo queria, por uma pastelaria e comeria de tudo. Na escola nunca fui bom aluno, mediano, mediócre, sempre desinteressado, alienado, esperando sempre pelo intervalo para estar com os amigos e poder brincar. Nunca tive muitos amigos, só um ou dois que estimava muito, mas bastantes conhecidos que fazia tudo para não perder, quer fosse agradando, quer fosse alinhando nas suas brincadeiras e intervenções desportivas ou sociais. Os Salesianos marcaram-me pela negativa, não queria aprender assim. Não era à reguada que aprendia a tabuada. Fugia muitas vezes nas horas de estudo, eu e um amigo. Ia para a Mata que lá havia, ou então saía pelo portão, agachado, e passava essa hora na praia do Tamariz. A quarta-classe foi passada numa escola pública onde a minha avó, sempre a minha avó, ia lá pôr-me e buscar. Quando entrei para o secundário o desinteresse tornou-se mais notório, era uma espécie de "maria vai com as outras" quando um colega ia para a rua eu seguia-o. Em Viseu era tempos mais estoicos, onde aprendi em parte o que era a Vida, o que era a fome, ou levar tareia,ou a ouvir um não, e saber tratar de mim sozinho. Tudo isso ruiu no secundário 9º e 10º, comecei a fumar ganzas e aí o interesse residual que tinha pela escola reduziu-se a zero. Aliás, no 9º ano por comodismo, e uma vez que não queria deixar os colegas, fiquei na área de quimicotecnia, pois não havia a minha área ali e teria de mudar para o liceu de Oeiras.Uma Estupidez. Comecei a namorar com 17/18 anos, achei uma sensação fantástica, ter uma namorada era uma coisa que nunca tinha pensado, pois nunca tinha ligado ao amor, ou às mulheres, talvez por causa duma cultura retrogada dos Salesianos, e das férias passadas em Viseu, 3 meses passados com rapazes a fazer cabanas, fisgas, andar aos passaros, arranjar algum dinheiro para jogar nas maquinas, enfim vida de putos.
A vida em Oeiras continuava, e eu crescia, o grupo de amigos também, naquela altura e por ter chumbado no 7º ano com 9 negativas, os meus pais deixaram de me dar dinheiro. Foi quando começámos a roubar fruta atrás da nossa rua, a tirar as garrafas das grades dos cafés para arranjarmos o depósito, ou os garrafões de água que tirávamos do Pingo Doce e iamos trocar a outro quase em Carcavelos. Começamos assim fazer pesca submarina, com o dinheiro que conseguiamos arranjar, primeiro era só de calção, depois já com os óculos e o tubo, a arma em seguida, e o fato por fim. Assim já arranjavamos dinheiro honestamente pois vendiamos o peixe que caçávamos. Veio o acidente e tudo se desmoronou. Os amigos que pensava que tinha desapareceram, só a namorada ficou. Não obstante perdi o interesse, agora não só pela escola mas por tudo, nos dois anos que se seguiram nada fiz, nem a Topografia, nem a faculdade, nem nada...por parvoice, por me achar sem amor para dar decidi acabar. Comecei a namorar 6 meses mais tarde com uma colega minha, coisa que durou dois anos, depois veio a outra, amor esse que perdurou uns anos valentes, mas acabou perdi a fé...Achava-me superior, não tinha humilidade alguma, atitude pedante defronte todos, comecei a formar um carácter que até agora permanece. Sempre me quis apaixonar, viver um amor lindo! Mas sou um lírico, um romantico incurável, um utópico. Um inconsequente. Daí que a minha vida tenha sido uma farsa, faço de palhaço para mascarar a minha inépcia ao lidar com os outros, os amigos que tenho são poucos,uns perderam-se outros não consegui conservar. Desliguei-me da familia afastada, afastei-me eu, não tinha tempo, precisava sempre de estar bebedo, ou ganzado. Para não pensar, para não sentir, para não ser. Nunca dei nada a ninguém, ou se dei foi apenas 1/10, sou egoista, um irresponsável, um interesseiro, não mereço a consideração dos meus pais, dos meus amigos, de ninguém. Falho com toda a gente, pois não tenho interesses. Nada me motiva, nada me faz andar para a frente. Sou e repito, uma farsa. Perdão.
Desde que me conheço que ponho e disponho das pessoas. Como filho mais novo que sou, sempre fui mimado. Passava por uma loja de brinquedos e tudo queria, por uma pastelaria e comeria de tudo. Na escola nunca fui bom aluno, mediano, mediócre, sempre desinteressado, alienado, esperando sempre pelo intervalo para estar com os amigos e poder brincar. Nunca tive muitos amigos, só um ou dois que estimava muito, mas bastantes conhecidos que fazia tudo para não perder, quer fosse agradando, quer fosse alinhando nas suas brincadeiras e intervenções desportivas ou sociais. Os Salesianos marcaram-me pela negativa, não queria aprender assim. Não era à reguada que aprendia a tabuada. Fugia muitas vezes nas horas de estudo, eu e um amigo. Ia para a Mata que lá havia, ou então saía pelo portão, agachado, e passava essa hora na praia do Tamariz. A quarta-classe foi passada numa escola pública onde a minha avó, sempre a minha avó, ia lá pôr-me e buscar. Quando entrei para o secundário o desinteresse tornou-se mais notório, era uma espécie de "maria vai com as outras" quando um colega ia para a rua eu seguia-o. Em Viseu era tempos mais estoicos, onde aprendi em parte o que era a Vida, o que era a fome, ou levar tareia,ou a ouvir um não, e saber tratar de mim sozinho. Tudo isso ruiu no secundário 9º e 10º, comecei a fumar ganzas e aí o interesse residual que tinha pela escola reduziu-se a zero. Aliás, no 9º ano por comodismo, e uma vez que não queria deixar os colegas, fiquei na área de quimicotecnia, pois não havia a minha área ali e teria de mudar para o liceu de Oeiras.Uma Estupidez. Comecei a namorar com 17/18 anos, achei uma sensação fantástica, ter uma namorada era uma coisa que nunca tinha pensado, pois nunca tinha ligado ao amor, ou às mulheres, talvez por causa duma cultura retrogada dos Salesianos, e das férias passadas em Viseu, 3 meses passados com rapazes a fazer cabanas, fisgas, andar aos passaros, arranjar algum dinheiro para jogar nas maquinas, enfim vida de putos.
A vida em Oeiras continuava, e eu crescia, o grupo de amigos também, naquela altura e por ter chumbado no 7º ano com 9 negativas, os meus pais deixaram de me dar dinheiro. Foi quando começámos a roubar fruta atrás da nossa rua, a tirar as garrafas das grades dos cafés para arranjarmos o depósito, ou os garrafões de água que tirávamos do Pingo Doce e iamos trocar a outro quase em Carcavelos. Começamos assim fazer pesca submarina, com o dinheiro que conseguiamos arranjar, primeiro era só de calção, depois já com os óculos e o tubo, a arma em seguida, e o fato por fim. Assim já arranjavamos dinheiro honestamente pois vendiamos o peixe que caçávamos. Veio o acidente e tudo se desmoronou. Os amigos que pensava que tinha desapareceram, só a namorada ficou. Não obstante perdi o interesse, agora não só pela escola mas por tudo, nos dois anos que se seguiram nada fiz, nem a Topografia, nem a faculdade, nem nada...por parvoice, por me achar sem amor para dar decidi acabar. Comecei a namorar 6 meses mais tarde com uma colega minha, coisa que durou dois anos, depois veio a outra, amor esse que perdurou uns anos valentes, mas acabou perdi a fé...Achava-me superior, não tinha humilidade alguma, atitude pedante defronte todos, comecei a formar um carácter que até agora permanece. Sempre me quis apaixonar, viver um amor lindo! Mas sou um lírico, um romantico incurável, um utópico. Um inconsequente. Daí que a minha vida tenha sido uma farsa, faço de palhaço para mascarar a minha inépcia ao lidar com os outros, os amigos que tenho são poucos,uns perderam-se outros não consegui conservar. Desliguei-me da familia afastada, afastei-me eu, não tinha tempo, precisava sempre de estar bebedo, ou ganzado. Para não pensar, para não sentir, para não ser. Nunca dei nada a ninguém, ou se dei foi apenas 1/10, sou egoista, um irresponsável, um interesseiro, não mereço a consideração dos meus pais, dos meus amigos, de ninguém. Falho com toda a gente, pois não tenho interesses. Nada me motiva, nada me faz andar para a frente. Sou e repito, uma farsa. Perdão.
5 comentários:
Adoro-te :)
aqui vai uma pedrada á tua janela pa ver se acordas! Não és tu este aqui. «sou egoista, um irresponsável, um interesseiro, não mereço a consideração dos meus pais, dos meus amigos, de ninguém. Falho com toda a gente, pois não tenho interesses. Nada me motiva, nada me faz andar para a frente. Sou e repito, uma farsa. Perdão.
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«ouve o conselho de quem muito sabe; sobretudo, ouve o conselho de quem muito te estimar» Arthur Von Graf
Sinto-te pressinto-te e ressinto-me e volto a transmitir.
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